Caseiro tem FGTS excluído das verbas trabalhistas
Fonte: TST - 02/05/2007
A Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho acatou pedido do ex-patrão de
um caseiro e excluiu o pagamento de FGTS das verbas trabalhistas deferidas pelo
Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (Goiás). Segundo o relator do
processo no TST, juiz convocado Guilherme Caputo Bastos, “a inclusão do
empregado doméstico no FGTS é uma faculdade concedida ao empregador, que não
pode ser confundida com uma obrigação”.
A Lei nº 5.859/72 define o empregado doméstico como “aquele que presta serviços
de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no
âmbito residencial destas”. A Lei nº 10.208, de 23/03/01, facultou a inclusão do
empregado doméstico no sistema do FGTS, mediante requerimento do empregador.
O empregado alegou que foi contratado para trabalhar como servente na
propriedade do empregador, às margens do Rio Araguaia. Contou que recebia os
visitantes, levando-os para pescar, dirigindo e fazendo a manutenção do barco,
além de permanecer 24 horas nos acampamentos à beira-rio, inclusive nos finais
de semana. Acusou o empregador de contratá-lo de forma fraudulenta, pois
rescindiu um contrato e iniciou outro em seguida, e que teria sido induzido a
assiná-los. Alegou que o patrão tinha a intenção de pagar-lhe o Fundo de
Garantia, fazendo-o constar no seu contracheque, iniciando e depois cessando o
pagamento.
Na Vara do Trabalho, o empregado pediu o pagamento das verbas rescisórias,
inclusive FGTS e horas extras levando em conta a condição de servente, o que foi
negado pelo juiz de primeiro grau. Segundo a sentença, as provas e os
depoimentos testemunhais confirmaram que o empregado trabalhava como doméstico,
atuando como caseiro na casa de campo, que não tinha fins lucrativos, e que foi
dispensado sem justa causa depois de sete anos. A sentença determinou a
retificação da carteira de trabalho do caseiro, incluindo o vínculo empregatício
como uno. Negou o pagamento de horas extras e do FGTS. “Tendo o empregador
optado por não inscrever o empregado, não pode ser condenado aos recolhimentos
ou ao pagamento de indenização substitutiva por falta de amparo legal”, afirmou
a sentença.
No TRT/GO, o empregado insistiu no pagamento do FGTS, alegando que não era
empregado doméstico. Ainda que o fosse, a lei autoriza o seu pagamento à
categoria, e o empregador já havia se manifestado neste sentido. O Regional
reformou a sentença, somente quanto ao tópico FGTS. Considerando válidos os
demonstrativos de pagamentos juntados pelo empregado, deduziu que o patrão “teve
a intenção de incluir o trabalhador no Fundo de Garantia, ao discriminar a
parcela no contracheque”.
Na decisão do TST, o juiz Guilherme Caputo Bastos deu provimento ao processo do
empregador. “Tendo em vista a existência de norma jurídica que define forma
específica para a inclusão do empregado no FGTS (artigo 3º-A da Lei nº
5.859/72), não há como supor a intenção do empregador de incluir o empregado sem
a devida comprovação documental”, destacou. A inclusão de trabalhador no FGTS
“se formaliza através de requerimento específico, direcionado ao órgão
competente, onde o empregador declara a sua vontade de incluir o seu empregado
no Fundo de Garantia”, concluiu o juiz Guilherme Caputo.
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