O NOVO E IMPORTANTE PAPEL DA GESTÃO DE PESSOAS PARA AS ORGANIZAÇÕES CONTEMPORÂNEAS

Paulo Roberto Vieira

A Gestão de Pessoas é um papel extremamente delicado e sensível, que deve ser desenvolvido pelos membros da organização, que têm sua a sua responsabilidade e seu comando, os funcionários, colaboradores, enfim, as pessoas. Por esta razão, ela é contingencial, estratégica e situacional. Porém, depende muito da cultura que predomina em cada organização e também da estrutura organizacional adotada por cada empresa. Mais ainda depende das características do ambiente, do negócio da organização, das políticas internas e externas adotadas pela organização, das suas funções e processos e de uma gama enorme de outras variáveis importantes, que possam afetar a estrutura organizacional de cada empresa.

Em momentos repletos de incertezas, restrições, problemas, ameaças, pressões e dificuldades de toda sorte, onde aumentam a inflação, a recessão e o desemprego, a administração dos recursos humanos, financeiros, materiais ou físicos, mercadológicos e administrativos, torna-se cada vez mais difícil, complexa e extremamente desafiante, de modo especial para a Gestão de Pessoas, pois nestes momentos de crises, as empresas são obrigadas a adotarem programas severos de reduções de despesas e de gastos e, para muitos administradores precipitados e muitas vezes inconseqüentes, os cortes de despesas passam primeiramente e necessariamente sobre a folha de salários de seus empregados ou colaboradores, passando inclusive pelos cortes de benefícios concedidos aos mesmos.

Assim, a Gestão de Pessoas, em épocas de crises e de “vacas magras”, sem sombra de dúvida passa ser a mais sacrificada: são decisões até certo ponto muito simplórias, isto é, sem que para tal, tenha havido um mínimo de planejamento e que muitas vezes estas decisões são tomadas na base da pura emoção, com uma visão míope de alguns empresários, onde com estas reduções na folha de salários e nos benefícios de seus empregados, podem representam economias e resultados financeiros em curto prazo, mas comprometendo seriamente a saúde organizacional e pondo em risco seus resultados de médios e longos prazos.

Essa estratégia de “cortar pessoas” e benefícios, adotado pela maioria das empresas, caminha exatamente na contra-mão da verdadeira, da moderna e da boa relação que sempre deverá existir entre capital e trabalho, pois cabe a algumas organizações, passar a enxergar as pessoas como pessoas e não simplesmente como meros recursos produtivos.

Porém, o que realmente nos anima e nos dá novos alentos, é que a Gestão de Pessoas está passando por grandes mudanças e por importantes inovações, de modo especial neste terceiro milênio, onde com a crescente globalização dos negócios e com a tão acirrada concorrência mundial, as palavras de ordem para todas as organizações passam a ser, inexoravelmente, produtividade, qualidade, eficiência e competitividade.

Dentro deste novo contexto, as pessoas deixam de ser o problema das organizações e passam a ser a solução de seus problemas. As pessoas deixam de ser o desafio para se tornar à vantagem, o diferencial para que estas organizações possam ser efetivamente competitivas. As pessoas deixam de ser o recurso organizacional mais importante para se tornar o parceiro principal do negócio.

A Gestão de Pessoas é uma especialidade relativamente nova, que surgiu a partir do crescimento e do alto grau de complexidade das tarefas organizacionais. Suas origens remontam ao início do século XX, após o forte impacto da Revolução Industrial, com a denominação Relações Industriais, atuando com a principal finalidade de buscar o equilíbrio entre o capital e o trabalho (organização e pessoas), evitando-se ou diminuindo-se desta forma, os conflitos entre os interesses das organizações e os interesses individuais das pessoas que trabalham nestas organizações, interesses estes até então considerados totalmente incompatíveis e impossíveis de serem conciliados pelas partes.

No ano de 1950 passou a ser denominada de Administração de Pessoal. Totalmente burocrática, não tinha mais só por finalidade intermediar os desentendimentos e reduzir os conflitos entre o capital e trabalho, mas acima de tudo administrar as pessoas de acordo com a legislação trabalhista.

Em 1960, as pessoas passaram a ser consideradas os recursos fundamentais para o sucesso organizacional, aliás, os únicos recursos vivos e inteligentes que as organizações possuem para enfrentar e ultrapassar os desafios pela frente.

Assim, surgiu o conceito de Gestão de Pessoas, porém ainda sofrendo da velha miopia de enxergar as pessoas apenas como recursos produtivos ou simplesmente agentes passivos cujas atividades devem ser planejadas e controladas a partir das necessidades unilaterais das organizações. Hoje, as organizações bem-sucedidas não mais administram recursos humanos, nem mais as pessoas, mas acima de tudo, administram com as pessoas. É a chamada administração participativa, onde as pessoas com suas inteligências, criatividades, habilidades mentais, passam a fazer as diferenças dentro deste processo altamente competitivo por que passam as empresas. As pessoas deixam de ser vistas como custos para serem reconhecidas como lucros para as empresas.

Na minha concepção, os centros de custos de mãos-de-obra das empresas, deveriam passar a chamar de centros de lucros ou de centros de excelências, por que elas são responsáveis pela produtividade, pela qualidade e pela eficiência na fabricação dos produtos ou serviços.

Possuir grandes capitais financeiros, estruturas físicas modernas, máquinas equipamentos de última geração e dentro da mais alta tecnologia, localizações privilegiadas, matérias-primas de primeira qualidade, sistemas e computadores de última geração, etc, não são fatores que fazem a diferença num mercado competitivo e globalizado onde se encontram as empresas.

O que realmente faz a diferença são as pessoas que trabalham nestas empresas. São elas que dão o impulso necessário para que as empresas possam ser competitivas e que consigam alcançar a todo o momento seus principais objetivos, que são: qualidade, eficiência, produtividade e lucratividade.

Sem a mínima intenção de esgotar este assunto, mas apenas com o objetivo de iniciar uma ampla discussão acerca do mesmo, entendo que as relações entre capital e trabalho continuam ainda extremamente conflitantes e muito complexas. Algumas empresas no Brasil já avançaram muito na busca do equilíbrio destas relações. Precisam avançar mais. Outras, ainda nem começaram. Outras, ainda, utilizam-se do “trabalho escravo”, da exploração do trabalho infantil, das discriminações de raças, sexo, cor idade e religião. Com todo respeito, estas nem merecem ser chamadas de “empresas”.

De nada adiantariam as exuberantes e imponentes estruturas físicas das empresas, se nelas não houvesse a participação ativa e efetiva de seus talentos humanos.

Sem as pessoas, não haveria brilho, nem vida nestas organizações. São elas as verdadeiras estrelas dentro deste grande e real espetáculo empresarial. Os demais recursos, não passam apenas de meros coadjuvantes!

Paulo Roberto Vieira, administrador de empresas, profissional que atua há mais de 16 anos na Área de Recursos Humanos e professor universitário.

E-mail: vieirapr@terra.com.br..


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